Você já se perguntou o que quer ter quando se aposentar? Planejar a sua previdência privada pode parecer um desafio, mas é tão importante quanto escolher a sua profissão.

 

No Brasil, temos a Previdência Social, que garante assistência governamental aos trabalhadores em diversas áreas trabalhistas, inclusive na aposentadoria. No entanto, o salário pago pelo INSS não é equivalente aos ganhos do decorrer da vida e muito menos ao último salário antes da aposentadoria.

 

Infelizmente, não é possível fazer um cálculo prévio para saber quanto o INSS irá pagar na aposentadoria. Isso porque o cálculo da Previdência Social considera todos os salários da vida profissional de um indivíduo: do primeiro ao último, limitado ao teto do INSS, e tira uma média que também leva em consideração o tempo de contribuição.

 

Hoje, o teto do INSS é de R$ 7.087. Parece um valor razoável, mas apenas 0,002% dos beneficiários do programa recebem esse valor. Ou seja, é uma minoria quase exclusiva, que soma apenas 778 pessoas. A maioria, cerca de 64% dos aposentados pelo governo, recebe um salário mínimo de R$ 1.212. Por isso, é importante pensar em alternativas para garantir uma aposentadoria mais tranquila e confortável. E a previdência privada pode ser uma excelente opção.

 

De acordo com o Raio X do Investidor Brasileiro, pesquisa realizada pela Anbima em parceria com o Datafolha, a grande maioria dos aposentados no Brasil (92%) dependem exclusivamente do INSS como fonte de renda. Apenas 3% contam com previdência privada, o mesmo percentual dos que vivem de salário próprio ou de suas empresas (3%).

 

Um detalhamento da pesquisa por classe social revelou que a dependência do INSS é semelhante entre as classes A/B (94%) e C (93%). No entanto, alguns indivíduos da classe A/B ainda complementam sua renda com previdência privada (8%).

 

Para Fábio Gallo, professor da FGV-EAESP, a aposentadoria deve ser pensada de forma mais abrangente, não se limitando apenas ao INSS ou à previdência privada. É importante considerar outras formas de investimento para complementar a renda na aposentadoria.

 

Aposentadoria que se calcula: saiba como estimar seus ganhos

 

A previdência privada oferece uma vantagem importante em relação ao INSS: é possível calcular e projetar os ganhos com mais clareza e transparência. Embora não seja possível ter uma precisão absoluta, é possível obter dados mais palpáveis.

 

Com apenas uma simulação básica de planos de previdência privada na internet, você pode estimar o quanto precisa investir mensalmente, considerando sua idade atual, para obter uma renda mensal adequada na aposentadoria.

 

Por exemplo, uma pessoa de 25 anos que queira se aposentar aos 65 anos, investindo R$ 250,00 por mês, pode ter três cenários no momento da aposentadoria:

 

  1. Risco conservador: investimento total de R$ 292 mil, com renda mensal de R$ 1,9 mil;
  2. Risco moderado: investimento total de R$ 480 mil, com renda mensal de R$ 3,2 mil; e
  3. Risco agressivo: investimento total de R$ 815 mil, com renda mensal de R$ 5,4 mil.

 

Essas simulações levam em consideração uma taxa de retorno do investimento de 2,5% ao ano, baseada na média de juros e inflação dos últimos anos no Brasil. É importante ressaltar que são apenas simulações básicas, considerando dados hipotéticos de uma pessoa.

 

De acordo com Fábio Gallo, professor da FGV, a contratação de um assessor de investimentos é fundamental para fazer a escolha certa na hora de optar por uma previdência privada. É preciso entender como são feitos os cálculos para determinar o rendimento mensal, valores necessários para atingir esse objetivo, impactos dos juros e inflação para evitar perda de poder de compra, além das taxas de administração, Imposto de Renda e questões fiscais.

 

Os diferentes riscos de cada cenário também devem ser considerados. Os fundos de previdência possibilitam que o investidor monte sua própria carteira de acordo com o perfil de risco. É possível investir em títulos públicos e privados, em ações nacionais e internacionais, em fundos multimercado e de índices, entre outros ativos financeiros.

 

A escolha desses investimentos pode alterar significativamente o rendimento que será alcançado ao longo do tempo, especialmente se o prazo de aplicação for longo. Por isso, é importante estar bem informado e contar com o auxílio de um profissional capacitado.

 

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Previdência privada: pensando no futuro a longo prazo

O mercado de previdência privada no Brasil está em constante crescimento, com um aumento de 20% no número de fundos disponíveis em 2021, totalizando 2.088 produtos financeiros diferentes, segundo dados da Anbima. Há uma variedade de 23 tipos de fundos, cada um com especificações para atender tanto os investidores que preferem a renda fixa quanto aqueles que desejam explorar a renda variável.

 

Com cerca de R$1 trilhão em ativos alocados em fundos de previdência no país, a maior parte em renda fixa, é importante considerar o risco-retorno da escolha de investimento. Para o professor Gallo, que possui expertise em finanças, a renda fixa historicamente tem sido a preferência dos brasileiros em investimentos de longo prazo, como é o caso da previdência privada. Contudo, é essencial ter em mente o risco de cada opção escolhida, tendo em vista a importância do investimento no futuro.

 

“É importante ter clareza do risco-retorno da escolha que está sendo feita. A previdência privada deve ser uma solução para a aposentadoria. A ponderação sobre risco e retorno deve acompanhar a idade e o prazo de resgate de quem está investindo. Quanto mais longo prazo, maior a possibilidade de risco”, ressalta o professor.

 

Deve-se enfatizar que investir a longo prazo garante mais retorno, pois os percalços de curto prazo do mercado tendem a ser superados ao longo dos anos. Crises, como a atual pandemia, acabam ficando no passado e se tornam insignificantes diante da valorização média de 12% ao ano do S&P 500, principal índice de ações dos EUA, desde a crise global de 2008.

 

“A previdência privada é um investimento para a aposentadoria, em que as pessoas buscam segurança. No entanto, é importante lembrar que é mais arriscado manter todo o dinheiro em uma única aplicação financeira do que estar diversificado em diferentes ativos”, explica Magolo.

 

Embora não exista uma ciência exata que possa garantir a melhor carteira e os melhores investimentos para a previdência privada, é possível contar com acompanhamento profissional e estar atento para mudar o caminho se algo der errado. O importante é manter o foco e ter em mente o objetivo final da aposentadoria.  

 

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